Asterisco, beneficência, beneficente domingo, fev 16 2014 

Asterisco

Asterisco  tem esse nome devido à sua forma. O vocábulo tem

origem grega – asteriskos – que quer dizer estrelinha, pequena

estrela. 

É um sinal gráfico (*) usado para indicar uma chamada de nota

ou assinalar supressão, dúvida ou outra convenção previamente

estabelecida.

O asterisco é colocado depois e em cima de uma palavra do

trecho para se fazer uma citação ou comentário qualquer

sobre o termo ou o que é tratado no trecho (neste caso o

asterisco se põe no fim do período).   

Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma

inicial para indicar uma pessoa cujo nome não se quer ou

não se pode declinar: O Dr. *, B.**, L.***

Costuma-se ouvir este vocábulo deturpado para asterístico

que não existe.

Beneficência, beneficente

São dois vocábulos que algumas pessoas fazem confusão ao

pronunciá-los ou escrevê-los. Observe o que cada um significa:

Beneficência: ato, prática ou virtude de fazer o bem,

de beneficiar o próximo, filantropia.

Beneficente: que traz benefício, que faz caridade,

beneficiador.

Será que a confusão é por causa dos vocábulos abaixo?

Beneficiamento: ato ou efeito de beneficiar,

de favorecer.

Beneficiar: melhorar o estado de (ou de alguém).

De qualquer forma, os vocábulos beneficiência e

beneficiente não existem.  

O que  asterístico,  beneficiência e beneficiente têm

em comum?

São três exemplos de barbarismo.

Aficionado, aficcionado

Fontes:

Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira

Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla, 2009, 3ª edição

Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009, 1ª edição

Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara, 2009, 37ª edição

 Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP, 2009, 5ª edição

Aficionado, aficcionado terça-feira, fev 4 2014 

Barbarismo

De acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, uma das significações

de barbarismo “é o uso de formas vocabulares contrárias à norma culta da língua”

e ocorre sob os seguintes pontos de vista:

Ortoépico (pronúncia) peneu no lugar de pneu; rúbrica no de rubrica.

Ortográfico (grafia)= excessão, por exceção.

Gramatical= a construção quando eu ver em vez de quando eu vir; quando

ele rever em vez de quando ele revir (sim, segue a conjugação do verbo ver);

ela está meia triste em vez de  ela está meio triste; menas palavras em vez de

menos palavras.

Semântico (sentido das palavras e da interpretação das sentenças)= na locução

ir de encontro a (chocar-se com) e ir ao encontro de (estar conforme,

a favor de, na direção de).

Simplificando:

Barbarismo é o vício de linguagem que consiste em grafar ou pronunciar

uma palavra em desacordo com a norma culta.

Ultimamente tenho escutado várias pessoas falando que são “aficcionados

por” algo.

Aficcionado não existe, trata-se de barbarismo. Grafa-se e pronuncia-se

aficionado, que quer dizer  “amador de um esporte, de uma arte”, ”apaixonado”,

“entusiasta”, ”fã”. Tem a ver com afeição e não com ficção, como “aficcionado

poderia sugerir. A origem da palavra é espanhola e a língua portuguesa segue a

mesma grafia usada no espanhol.

Regência

Segundo o Professor Sérgio Nogueira a preposição que segue o termo é “por”,

“porque todo aficionado é aficionado por alguma coisa.”

O Dicionário Prático de Regência Nominal traz outras possibilidades de

regência, como a e de, e exemplifica: “Um (cidadão) aficionado do futebol”,

“Sou aficionado às corridas”.

VOLP

Fontes:

Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira

Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009, 1ª edição

Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, Domingos Paschoal Cegalla

Dicionário prático de regência nominal, Celso Pedro Luft, 2010, 5ª edição

Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – VOLP, 2009, 5ª edição

Denotação e Conotação sábado, jun 2 2012 

Denotação e Conotação

 

As figuras de linguagem são recursos linguísticos que os autores

recorrem para tornar a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos

revelam a sensibilidade de quem os utiliza, traduzindo particularidades

estilísticas do emissor.

Para utilizar corretamente as figuras de linguagem, é necessário entender

os conceitos de denotação e conotação, ou seja, o uso de palavras ou

expressões empregadas no sentido próprio ou figurado.

Denotação é o significado básico e objetivo de uma palavra,

independente da situação, do contexto em que aparece e não permite

mais de uma interpretação. A denotação é sempre impessoal,

objetiva; é a palavra em “estado de dicionário”.

Observe:

O goleiro bateu a cabeça na trave.

O lavrador possui as mãos bastante ásperas.

As palavras cabeça e ásperas estão empregadas no sentido próprio,

conhecidos por todos. Assim, os exemplos levam o receptor

à denotação, pois as palavras em destaque permitem apenas

uma interpretação.

Conotação é o emprego de uma palavra no sentido figurado,

associativo, possibilitando várias interpretações. Ocorre quando

a palavra tem seu significado ampliado, dependendo do contexto em

que aparece; por isso mesmo, tem um caráter mais pessoal,

subjetivo.  Dessa maneira, a conotação possui a propriedade

de apresentar significados diferentes do sentido original

da palavra.

Veja:

Conseguiram capturar o cabeça daquela quadrilha.

O pai dirigiu palavras ásperas ao filho respondão.

Nesses exemplos as palavras cabeça e ásperas ganham novos sentidos,

sugerindo ao receptor a ideia de forma indireta. Nesse caso dizemos que

ocorre conotação, pois as palavras foram empregadas de acordo com a

ideia que o emissor desejou sugerir. Esse recurso de linguagem consiste

na possibilidade de proporcionar ao leitor ou ouvinte uma interpretação

subjetiva do significado de determinadas palavras ou expressões.

Nos versos de Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus (…)

Tenho que folgar os nós

Dos sapatos,

Da gravata,

Dos desejos,

Dos receios (…)”

temos, nos dois primeiros casos, a palavra nós empregada em sentido

denotativo (nó do cordão do sapato; nó da gravata); nos dois últimos,

nós foi empregada em sentido conotativo, figurado (nó dos desejos;

nó dos receios).

Facílimo, não?

Fontes:

Gramática Completa para Concursos e Vestibulares, de Nilson Teixeira de Almeida

1001 Dúvidas de Português, de José de Nicola e Ernani Terra

Redundância, Pleonasmo e Tautologia sábado, maio 5 2012 

Figuras e vícios de linguagem

A gramática normativa é um conjunto de regras que estabelecem um

determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão.

Ocorre que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre

são obedecidas pelo falante.

Quando o falante desvia do padrão para alcançar uma maior expressividade,

temos as figuras de linguagem.

Quando o desvio se dá pelo desconhecimento da norma culta por parte

de quem fala ou escreve, temos os chamados vícios de linguagem.

Encontramos, então, a redundância, o pleonasmo e a tautologia.

 

Redundância significa:

1 – excesso: demasia, exagero,  superabundância, superfluidade de palavras.

2 – prolixidade: articulação, eloquência,  verborragia, verbosidade.

 

Pleonasmo é a figura de linguagem que consiste na repetição de uma

ideia ou de uma função sintática. Trata-se de um recurso estilístico utilizado

para dar clareza ou relevo, enfatizar, realçar uma ideia; também

chamado de pleonasmo de estilo.  

Exemplos:

Os vidros, eu os lavei hoje.

Vi, com meus próprios olhos, e mesmo assim não acreditei.

Sonhar lindos sonhos.

“E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento”. (Vinicius de Moraes)

 

Pleonasmo é um termo genérico, que tanto pode adornar a linguagem

como torná-la feia e sem encanto. Assim como outras  construções e

empregos de palavras, tanto pode ser um vício como uma figura de

linguagem.

Alguns pleonasmos são utilizados sem nenhum efeito estilístico; nesses

casos, temos um vício de linguagem, como nestes exemplos corriqueiros:

entrar para dentro;  sair para fora; subir para cima; descer para baixo.

 

Redundância, Tautologia,  Pleonasmo Vicioso

 

Observe o seguinte texto, tema de uma questão de vestibular:

“A árvore, oca por dentro, era muito elevada, tinha vinte metros

de altura total, do chão ao topo: estava, por esta razão, prestes  cair,

 daí a instantes, para baixo.”

“Oca por dentro” e “cair para baixo” são exemplos de pleonasmo

de estilo. Já as passagens altura total, do chão ao topo e prestes a

cair, daí a instantes são bons exemplos de redundância.

Tautologia:  Vício de linguagem que consiste em dizer sempre a

mesma coisa por formas diferentes;  se caracteriza pela seguida

repetição, por meio de palavras diferentes de um pensamento

anteriormente anunciado, baseando-se no desconhecimento da

verdadeira significação dos termos empregados ou porque há

expressões que estão enraizadas  no uso.

 

Podemos dizer que tautologia é outra denominação do pleonasmo

vicioso; ambos são vícios de linguagem.

 

Exemplos de vícios de linguagem que devem ser evitados:

monopólio exclusivo; principal protagonista; manusear com as mãos;

preparar de antemão; prosseguir adiante; prever  antes; boato falso;

fato concreto;  fato  verídico;  fato ocorrido; fato acontecido; abertura

inaugural; elo de ligação; acabamento final;  conviver junto; detalhes

minuciosos; metades iguais;  empréstimo temporário; encarar de frente;

evidência concreta;  há anos atrás;  planejar antecipadamente;  superávit

positivo; criação nova; comparecer pessoalmente; todos foram unânimes.

 

O filme é baseado em fatos reais? Troque-o por um filme baseado em

fatos ou baseado numa história real,  já que história pode ser real

ou não.

 

                          

 

Fontes:

Curso Prático de Gramática, de Ernani Terra

Dicionário Houaiss de Sinônimos e Antônimos

Manual de Redação Profissional, de José Maria da Costa

Blog do Professor  Sérgio Nogueira

1001 Dúvidas de Português, de José de Nicola e Ernani Terra